Palha
Hoje fui ali à rua e aconteceu-me uma daquelas aventuras que ninguém acredita.
Vinha eu do supermercado carregado de sacos quando, não sei como, ia atrás de uma senhora à mesma velocidade que eu, a um metro de distância na mesma direcção.
Foi uma situação constrangedora para ambos. Eu ali tão perto dela e a senhora a olhar pelo canto do olho para a minha sombra também ela cheia de sacos.
O que fazer? Continuar naquela familiaridade forçada? Abrandar para manter uma distância higiénica e ficar ali a andar devagarinho sem nunca mais chegar? Ou acelerar e ultrapassar a senhora tão lentamente que iríamos ficar lado-a-lado durante longos segundos e piorar tudo?
Arrisquei, segui o instinto e enchi-me de coragem. Comecei a andar mais depressa e aí aconteceu algo que contado até parece tanga.
A senhora percebeu a minha intenção e ao sentir-me a aproximar abrandou o passo. Isto permitiu desatarmos aquele nós com muito mais rapidez e nem tivemos que combinar nada. Depois de ir eu à frente, os sacos até pareceram mais leves e o mundo melhorou ligeiramente.
Da mesma forma que há gente a estudar as formigas e como elas se organizam, também deve haver alguém gigante que assistiu a isto e vai publicar numa revista científica gigante.