Variações em leitões
É lendário o meu apreço por francesinhas e por leitão. E por cabidela, mas essa será abordada futuramente num espaço digno e espaçoso.
Quando, há uns meses, o Vilas Maia me informou da existência de francesinhas de leitão ali na Ribeira, as minhas reacções foram diversas. Primeiro tive um baque no peito, tipo susto mas bom. Uma ligeira falta de ar, as pupilas dilataram e os pelos dos braços entesoaram-se.
Depois foi a vez da reflexão. Francesinha de leitão? Pensei. Isso ou é muito delicioso ou muito nojento. Tentei imaginar o sabor, a textura da carne no pão com aquele molho. Algo não batia certo, mas queria provar.
Informei-me melhor sobre o assunto e surgiu um dado, que para muitos poderia parecer insignificante, mas para mim foi todo um desvendar de algo. Perdi toda a vontade de experimentar a francesinha de leitão no momento em que soube onde elas são feitas.
Imaginava eu que as ditas eram servidas num café, numa tasca, feitas por uma senhora ali da Ribeira mas não. As francesinhas de leitão são servidas num restaurante a puxar para o very typical com preços not so typical.
Dando-me o cenário consegui facilmente fazer o filme. A francesinha de leitão é um ser híbrido inútil tipo Castelo Branco. Só serve para que se fale nela, deve ser uma porcaria que ninguém gosta mas funciona como publicidade ao estabelecimento. Se assim não for, ofereçam-me uma que eu venho a correr para aqui negar tudo que disse. Mas estou certo que não deve ser coisa boa.
Isto tudo para chegar onde? Ah! Para chegar à parte em que informo que acabei de comer um rissol de leitão delicioso. Já comi melhores, mas este estava bom. Prefiro aqueles em que se sente a carninha fibrosa no recheio, este era mais pastoso mas o aroma do molho de pimenta estava presente e chegou a comover-me encontrá-lo ali, dentro de um rissol.