Planeando a eternidade
Estava eu a pensar na vida e apareceu-me a morte acompanhada de uma dúvida: Pelo que entendo, resumindo grotescamente as dicas religiosas que temos à nossa disponibilidade, para que a nossa fase pós-material seja agradável e despreocupada, não convém termos nada que nos prenda à esfera material. Temos que ir limpinhos de tentações e assuntos por resolver cá em baixo. Certo?
A igreja diz-nos para resistirmos às tentações enquanto estamos vivos, mas será essa a melhor forma de nos livrarmos delas? Não será preferível aproveitar estes anos para usufruir de tudo que a existência carnal nos permite de forma a partirmos de barriga cheia e sem vontade de mais?
Estará a igreja a ajudar ou a dificultar? Imagino um padre a chegar às portas do céu e dizerem-lhe que não pode entrar porque deixou imensos assuntos por tratar, muitas vontades carnais por satisfazer e, para piorar, ainda convenceu (ou tentou convencer) uma série de pessoas que é assim que se abraça o plano espiritual em pleno.
Não sei, mas a mim faz sentido que um fumador fume dois cigarros antes de uma longa viagem de avião para reduzir a traça. Isso de fazer jejum é só para quando se vai dar sangue.
Isto de um gajo estar vivo tem que fazer algum sentido e isto para mim faz sentido.